Nas minhas aulas e nas dos demais professores da Academia Gustavo Borges, sempre alongamos antes de praticar exercícios para prevenir tensões, rigidez e encurtamento dos músculos. Contudo, a pandemia nos mostrou que o alongamento é importante até mesmo para ficar sentado.
O alongamento por si só é um exercício físico: ao alongar, o músculo aumenta sua amplitude e depois retorna ao seu comprimento normal, o que aumenta a flexibilidade muscular. Se ficarmos muito tempo em determinada posição, o corpo se adequa a ela. No home office, por exemplo, ficamos sentados com os ombros e cabeça projetados para frente por causa do teclado e tela do computador.
Qual o problema? Por causa do trabalho remoto, as pessoas perdem a mobilidade na região do quadril, joelho e cintura escapular, o que resulta em dores nas regiões lombar, torácica, cervical e enxaqueca. A posição atinge a musculatura que faz a flexão da perna e a que faz a flexão do quadril — isquiotibiais, panturrilha, reto femoral e iliopsoas —, além dos músculos atingidos pela projeção do tronco para a frente — peitoral e o esternocleidomastóideo.
Como dito anteriormente, o alongamento é um exercício, e engaja todo o nosso sistema. Quando movimentamos nossos músculos e articulações, o corpo aumenta os líquidos corporais que necessitamos para a prática. Assim, libera hormônios como endorfina, dopamina, serotonina e ocitocina, essenciais para nos exercitarmos e para nossa saúde mental.
A falta de atividade física pode gerar um desequilíbrio nesses hormônios, e o corpo pode reagir com insônia, estresse, aumento no peso, e afetar até o humor. Sabe a desmotivação e a tendência de adiar tarefas e compromissos que sentimos na quarentena? Pode ser falta de exercício. Em casos mais graves, as pessoas podem desenvolver transtornos depressivos.
Motivo não falta para começar a se alongar hoje. A atividade aumenta a consciência corporal e respiratória, e também diminui sintomas desconfortáveis em crises de ansiedade, reequilibra regiões que ficam muito tempo inertes, aumenta a flexibilidade e ativa a circulação sanguínea, assim estimulando um movimento maior dos nutrientes, gases respiratórios, hormônios e defesas do organismo.
Alongar é relaxante e pode funcionar como uma pausa das correrias do seu dia a dia. O ideal é alongar com orientação profissional, o que garante a segurança dos movimentos a serem feitos. Na Academia Gustavo Borges, onde atuo como professor, temos aulas de alongamento. Se isso não for possível para você, comece a alongar em casa, com calma e sem exageros, duas ou três vezes ao dia.
Jonas Lelinski, professor da Academia Gustavo Borges e especialista em fisiologia do exercício. (Cref 010548-G/PR)
